quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhinhos de Gato



Publicado entre 1939 e 1940, Olhinhos de Gato é , nas palavras da própria Cecília Meireles, um pequeno livro de memórias em que predomina uma narrativa sobre a sua infância.
Trata - se de uma reflexão poética sobre a perda, a dor, a solidão, a morte e o luto. A autora procura desvendar sua infância, seu passado sempre constante com o presente, como numa caixa de novidades que vai mostrando à menina objetos que relembram o passado. Ora com momentos de contemplação intimista, ora com fatos concretos como as músicas que a ama cantarolava, os carroceiros vendedores de mercadorias, as vizinhas que conversavam pelas varandas, as brincadeiras de roda tão ao gosto das crianças de antigamente.
Mas o que realmente fica, são as observações reflexivas sobre a vida, morte e sensações. Os personagens não são nomeados, mas simbolizados com outros nomes.

Estrutura

  • Foco Narrativo: Divide - se em primeira e na terceira pessoa;
  • Ambiente: Rural;
  • Temática: A narrativa contempla dois momentos marcantes na vida de Olhinhos de Gato:
    - o primeiro, com a morte da mãe, o beijo no rosto duro e frio.
- o segundo, com outro tipo de morte, o da infância, quando seus lindos cachos são cortados e ela os traz para casa e os entrega à avó, recebendo de presente uma cadeirinha de vime.
  • Linguagem: Cecília usa a linguagem de maneira sofisticada;
  • Personagens principais: Olhinhos de Gato, Boquinha de Doce (avó), Dentinho de Arroz (ama), Maria Maruca e Có (agregados da família) e tia Totinha(considerada sábia por Olhinhos de Gato).
  • Tempo: Psicológico. O tempo para a menina é irreconhecível.
A autora: Cecília Meireles

Cecília Meireles cultivou uma poesia reflexiva, de fundo filosófico, que aborda, entre outros. temas como a transitoridade da vida, o tempo, o amor, o infinito, a natureza, a criação artística. Mas não se deve entender sua atitude como postura intelectual, racional. Cecília foi antes de tudo uma escritora intuitiva, que sempre procurou questionar e compreender o mundo a partir das próprias experiências: a morte dos pais quando menina, a morte da avó que a educara, o suicídio do primeiro marido, o silêncio, a solidão.
A rigor, Cecília nunca esteve filiada a nenhum movimento literário. Sua poesia, de modo geral, afilia - se às tradições da lírica luso - brasileira.

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